sábado, 17 de junho de 2017

TRAGÉDIA NO TRÂNSITO SERGIPANO

O dia 16 de junho último foi marcado por acidentes que ceifaram a vida de pessoas queridas em Sergipe. Na capital a forrozeira Eliza Clivia, que passava pela cidade, perdeu a vida em um acidente na região central. No interior, retornando de Umbaúba, o casal amigo Carlos e Tânia, foram alcançados pela fatalidade. A amiga Tania Isabel Fortunato, conhecida por sua dedicação a harmonia familiar e a propagação da fé cristã para todas as pessoas, foi retirada do nosso convívio. A Igreja Batista em Sergipe está de luto por esta perda. O caso Eliza Clívia ganhou repercussão nacional dado a visibilidade da cantora, é natural que seja assim, afinal o alcance da música, sobretudo nestes dias de festejos juninos, é realmente nacional, mas cabe-nos destacar que só em Sergipe morre pelo menos 3 pessoas a cada 2 dias e isso é realmente preocupante. No Brasil são 50.000 mortes por ano. As pessoas lotam os pronto atendimentos, falta sangue nos bancos dos hospitais, acumulam-se as cirurgias especialmente as ortopédicas, e tudo isso poderia ser minimizado com ações de conscientização feita na base familiar. É flagrante a indisposição social de discutir o tema e dar novos rumos aos números trágicos do trânsito brasileiro. Em uma ação quase isolada desenvolvemos o tema “Gentileza gera paz no trânsito”, e apesar da nossa disposição e oferta tivemos raríssimas oportunidades de tratar o assunto em escolas e empresas. O fato é que só voltamos o pensamento a este tema quando a tragédia nos alcança ceifando a vida de familiares, amigos ou pessoas de grande notoriedade. Lamentável que seja assim. Outro forte indicativo da indisposição social são os reclamos da população toda vez que uma ação para coibir os abusos é implementada. Os radares de controle de velocidade são vistos como ferramenta de arrecadação mesmo restando claro que a aplicação de multa só ocorre quando a velocidade extrapola os limites da via. As colisões, quase na totalidade provocadas pelos excessos de velocidade em Aracaju, superam a marca de 5000 por ano. Mesmo assim a quem prefira andar acima dos 60km permitido nas vias da capital, aumentando o risco de acidentes e reclamando dos controles, pelo menos até que alguém próximo seja alcançado pelos números do trânsito. Amanhã é outro dia, e a menos que façamos algo agora, continuaremos perdendo 400 a mais sergipanos todos os anos, e 50.000 lares brasileiros serão entristecidos com a perda de entes queridos. Sydnei Ulisses de Melo é instrutor de trânsito

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Dia 19 de agosto os ciclistas são celebrados em todo o Brasil

Os Aracajuanos tem o que comemorar, afinal são mais de 60km de ciclovias para uma população da ordem de 600.000 habitantes. São 10 km por 100 mil, penso que este numero é relevante se compararmos as demais capitas. Vemos também que os ciclistas tem um perfil muito variado com a maioria formada por trabalhadores que se deslocam para as empresas, mas também um grande numero de pessoas que simplesmente passeiam pelas ciclovias e até alguns com pose de competidores da arte de pedalar. Decididamente é bom viver nesta cidade, mas seria parcial demais falarmos apenas da beleza de ver os ciclistas pedalando, temos problemas que precisam ser considerados e levados as rodas de discussão nos diversos seguimentos sociais. Por exemplo: o comportamento de parte dos ciclistas pouco se diferencia dos demais veiculos no tocante ao cumprimento das regras elementar de circulação e conduta. É absolutamente comum flagrar ciclistas transitando na contramão de direção e as vezes inclusive pela esquerda, faixa sabidamente conhecida para transito de veículos que andam em maior velocidade. Comum também é vê-los passando nos semáforos fechados como se não fossem atores do mesmo trânsito que matou 491 sergipanos no último ano. As ciclovias foram construídas para ciclistas, mas da mesma forma que as bicicletas estão presentes, ou deveriam estar, no bordo direito das vias, é comum verificarmos pedestres usando as ciclovias para a prática de corridas e caminhadas. Claro que esta relação não é exatamente a ideal, mas os ciclistas também precisam considerar que este convívio é necessário e que o pedestre figura como a parte mais vulnerável em qualquer situação de trânsito e deve ser protegido. Os apitos têm sido bastante utilizados fazendo o papel das buzinas, mas vale lembrar que apito não para carro e tão pouco impede colisões. Para ter resultado e segurança é necessário conduta defensivo para o ciclista e para os monitores. Quando se aproximar de um cruzamento reduza a velocidade e pare se necessário, mesmo acionando um sinal sonoro como o dos apitos. A importância da sinalização das bicicletas, sobretudo para os que pedalam a noite é determinante. Os famosos “olhos de gato “refletivos usados em rodas e pedais chamam a atenção dos condutores de veículos a distancia que tem a chance de reduzir a velocidade e evitar colisões que com alguma freqüência levam o ciclista a óbito. Enfim, são variados problemas que não damos conta de esgotar em tão poucas linhas, por isso a importância de levarmos o tema às escolas, igrejas, empresas, objetivando formar multiplicadores capazes de sensibilizar pelo menos suas famílias, e dessa forma interferirmos nos valores e conhecimentos mínimos necessários para boas condutas e sobrevivência dos nossos ciclistas. O Movimento Gentileza Aracaju que trabalha com a perspectiva de propagar a gentileza como meio de interferir na melhoria da qualidade das relações humanas, na família, no trabalho e no trânito, apóia esta idéia e se coloca a disposição dos diversos seguimentos da sociedade para refletir sobre o tema. Fale conosco a respeito. Sydnei Ulisses e Joselita Melo coordenam o Movimento Gentileza Aracaju www.gentilezaaracaju.amawebs.com – gentilezaaracaju@gmail.com

quinta-feira, 18 de junho de 2015

O QUE MUDA COM A REDUÇÃO DA MAIORIDADE?

Nada! Simples assim. Fui adolescente na periferia paulistana e assim como em todas as periferias das grandes cidades, sei exatamente como a punição aos jovens pobres são aplicadas. Crianças crescem sem oferta de serviços imprescindíveis como boa escola, bom atendimento médico, boas alternativas de lazer, boa alimentação e muitas vezes não tem nem se quer o convívio adequado com pai e mãe que se ausentam para ganhar o sustento passando a maior parte do dia longe dos filhos;. Fruto da ausência do Estado e das famílias é a presença de traficantes que acabam adotando e direcionando a vida de grande numero de crianças e adolescentes. Muitas destas crianças são assassinadas antes de completar a maioridade, seja pela maquina do Estado usando as ferramentas da repressão, seja pelo próprio comando dos traficantes que determinam quem vive e quem morre na roleta russa da periferia. O dinheiro reservado aos investimentos sociais escorre nas licitações combinadas e superfaturadas, e os jovens, sem alternativa, passam a ser o alvo das classes opressoras que fazem a gestão dos recursos que deviam ser usados para resgatar a juventude e minimizar as diferenças sociais. A criminalidade juvenil é efeito, não é causa. A causa toda a sociedade sabe e de tão óbvio fica até difícil insistir no diagnóstico. A chance que temos de mudar a realidade passa pelo resgate de valores e cumprimento de Leis que punam os gestores corruptos. Falta estatura para os nossos representantes. Quem quiser entender o que estou dizendo pode fazer o seguinte exercício: Acesse um site de busca e escreva o nome do deputado federal que você conhece acrescendo palavras como processo, cassado, investigado, ou todas elas e veja a capivara de noticias dos homens que se julgam senhores da defesa da moral e dos bons costumes. Sem hipocrisia, se prender ao invés de internar fosse mudar o curso da sociedade, certamente apoiaria a medida, mas sei que o que de fato precisa ser feito para mudar o rumo da sociedade não acontecerá por não interessar aos atuais eleitos. Se não vejamos, prefeito que frauda licitação de merenda tinha que ser preso na mesma cela dos adolescentes em conflito com a Lei. Legislador em situação de flagrante lavagem de dinheiro tinha que ser imediatamente cassado e preso por pelo menos o mesmo período do mandato conquistado com o dinheiro lavado. Empresário que forma cartel, ou que licita baixo para pedir alinhamento de valor, tinha que ser obrigado a concluir a obra com recurso próprio sob pena de prisão, assim pararíamos de ver escolas e hospitais abandonados no meio da construção. Todo corrupto, ativo ou passivo, em situação de flagrante, precisava responder de pronto com prisão sem direito a fiança. Ainda que as penas não fossem longas, precisávamos que fossem efetivas. Certamente resolveríamos o problema da falta de recursos públicos e teríamos sobra além de realizar todos os investimentos necessários para que os adolescentes da periferia fossem valorizados nas suas necessidades elementares de formação e certamente teríamos índices de criminalidade bem menores se comparado aos que temos hoje. A redução da maioridade não passa de mais uma tentativa de criminalizar a pobreza mantendo intocáveis os verdadeiros criminosos que tomam posse do recurso publico preterindo a maioria da população. Se passar a redução, adolescentes irão para presídios, mas os adolescentes pobres vão continuar morrendo vitimas do Estado e do trafico, políticos vão continuar lavando dinheiro privado e publico nas campanhas eleitorais, as licitações de merenda continuarão sendo objetos de desvio de recursos, empresários continuarão corrompendo servidores e políticos e nada será diferente. Sou contra a redução, exceto se as verdadeiras causas das desigualdades forem combatidas de verdade. Como já sugeri, pesquise a folha de processos dos maiores defensores da redução nas casas legislativas e veja quem são os que mais defendem essa medida. Sydnei Ulisses é coordenador do Movimento Gentileza Aracaju

domingo, 10 de maio de 2015

CINCO ANOS PROPAGANDO GENTILEZA

Há cinco anos, (11 de maio de 2010), nascia o Movimento Gentileza Aracaju. Idealizado por Sydnei Ulisses e Joselita Melo, ambos instrutores de trânsito incomodados com o comportamento das pessoas, resolveram iniciar um trabalho de conscientização para estimular as pessoas a serem mais gentis na família, no trabalho e no trânsito.
Até hoje são inúmeros os textos assinados pelo movimento chamando a atenção da sociedade e dando informações importantes a todos que acompanham o trabalho. Mais atividades são desenvolvidas regularmente como panfletagens nas vias de trânsito divulgando a campanha “gentileza gera paz no trânsito”. Sempre que convidado o Movimento participa de outras atividades como palestras em escolas, clubes de serviço, empresas, igrejas, grupos segmentados como ciclistas ou qualquer outro grupamento humano que sinta à vontade de discutir a importância de melhorar as relações humanas a partir da pratica de gentilezas.
Para Sydnei Ulisses, todo cidadão deve contribuir para a sua comunidade em alguma medida. “Esta foi a forma que encontramos para contribuir com a nossa, precisamos intervir e formar opinião positiva que leve as pessoas a valorizarem a vida dos mais vulneráveis diminuindo a incidência de mortes no trânsito que chegou a 491 pessoas em 2014” O trabalho continua e as pessoas que queiram receber agenda de atividades e notícias do Movimento deve enviar email para gentilezaaracaju@gmail.com solicitando inclusão na lista de colaboradores. Outras informações poder ser consultadas no site www.gentilezaaracaju.amawebs.com. A palestra “Gentileza gera paz no trânsito”, é apresentada a pedido em escolas, semanas de prevenção de acidentes em empresas, igrejas, e grupos de qualquer natureza. O telefone para contato é 79 99991505 com Sydnei ou 79 88523910 com Joselita Melo.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

491 VIDAS CEIFADAS PELA FALTA DE GENTILEZA

Trânsito: 491 vidas ceifadas pela falta de gentileza 0 Trânsito 19:11 O trânsito sergipano matou menos em 2014 se comparado ao ano de 2013. Foram “apenas 491” mortes provocadas pela intolerância, arrogância e falta de valorização da vida. 117 famílias foram poupadas do sofrimento de sepultar seus mortos, jovens na maioria, já que em 2013 foram 608 mortes. Mas afinal o que precisa ser feito para que esta realidade seja alterada de forma a reduzir concretamente estas mortes? Tenho visto nas redes sociais manifestações interessantes sobre a dificuldade de convivência de ciclistas, corredores e pedestres nas ciclovias. Espaços que poderiam ser aproveitados e compartilhados sem problemas, mas não é o que vemos nas ruas mesmo destacando que estes atorem formam os grupos mais vulneráveis na cadeia do trânsito. A meu ver esta dificuldade aponta para o cerne do problema já que o homem está sempre à procura de um elo inferior para exercitar poder e mando. Assim, quando reclamamos da conduta dos grandes veículos que transitam como se fossem os donos da via, também vemos ciclistas andando em velocidade inadequada nas ciclovias, causando transtornos e muitos literalmente enfrentando pedestres até com reações violentas. Penso que está na hora do poder publico tratar a questão com mais seriedade e planejar ações efetivas que alcancem o jovem na sua formação inicial, além de fazer valer a Lei (CTB) quanto a formação mínima obrigatória, hoje tão desprezada pela sociedade. Baseado em pesquisa ibope de 2007, 6 a cada 10 motociclistas nunca passaram por um centro de formação, logo, seguem livremente oferecendo seus corpos a sorte e ao asfalto, lotando as emergências publicas e privadas, especialmente as internações e UTIs. Só teremos resultados importantes nesta luta contra as mortes, quando a formação alcançar as escolas, ainda que de forma transversal, como preconiza as resoluções do Contran. As escolas tem a alternativa de formar seus alunos durante o segundo grau desobrigando o adolescente de prestar a prova teórica do Detran, mas desconheço que qualquer Instituição de ensino do nosso Estado tenha se sensibilizado para esta possibilidade. Somado ao comprometimento das escolas, não é mais tolerável ver a omissão dos municípios que deixam de regulamentar o uso dos ciclomotores por medo do resultado das urnas. A irresponsabilidade dos gestores resulta no elevado numero de mortes que podiam ser evitadas se as pessoas se obrigassem ao cumprimento da lei. Formação, legislação e gentileza. O tripé que pode mudar a realidade precisa ser moldado na sensibilização pela gentileza e pela vida onde as pessoas estiverem. Famílias, empresas, igrejas, agremiações de toda ordem precisam fazer a discussão de como se antecipar e evitar acidentes, evitando o sofrimento das famílias que enterram suas vitimas. A vida vale mais sempre, e quando estou frente à situação de risco devo me antecipar aos outros, especialmente quando o outro for mais vulnerável que eu. Reduza a velocidade, dê passagem, pare para o pedestre e respeite ciclistas e motociclistas. Ficar reclamando, buzinando desesperadamente e ofendendo as pessoas em nada contribui para um trânsito mais gentil, ao contrário, serve apenas para demonstrar a sua indisposição em fazer a parte que lhe cabe Sydnei Ulisses é coordenador do Movimento Gentileza Aracaju

quinta-feira, 2 de abril de 2015

MENTALIDADES CRIMINOSAS - Por Sydnei Melo

A questão do apoio à redução da maioridade penal representa um problema muito mais grave do que nós, contrários a esta medida, estamos imaginando. Em grande parte, os argumentos contrários à redução da maioridade penal, legítimos e consistentes em sua maioria, buscam trazer referências mais amplas para o tratamento do problema da criminalidade juvenil. Quais os problemas sociais envolvidos? Que impactos sobre essa juventude estão relacionados à deficiência de nosso sistema educacional? Há uma quantidade expressiva de argumentos anti-redução embasadas em estudos científicos sólidos. Em um espaço tão aberto à difusão de boatos absurdos, como é o caso das redes sociais, é interessante notar a preocupação dos críticos da redução da maioridade penal em esclarecer suas fontes e sua preocupação com a complexidade do problema da criminalidade entre menores de 18 anos. Mas há uma questão pouco tratada neste momento: qual a relevância de uma análise sociológica, histórica, política, etc, para alguém que defende ardorosamente a tese da redução da maioridade? Em grande parte, a defesa da redução da maioridade penal não é fundada em argumentos científicos, dados, ou quaisquer outras fontes de pesquisa que expliquem claramente a real situação da criminalidade juvenil. Pouco importa saber que a tendência entre os países democráticos seja a de estabelecimento da idade mínima penal em 18 anos (em alguns casos, de ampliação para 21). Não importa, também, saber que o índice de crimes cometidos por menores no Brasil não alcança 1% do conjunto total de crimes cometidos no país. Ouvir os deputados defensores da redução, e alguns de seus entusiastas, falarem em "endurecimento" das leis como forma de coibir a criminalidade juvenil, soa como piada. A questão é simples: muitos que defendem a redução da maioridade penal não estão preocupados com a redução da criminalidade, mas com a forma da punição daqueles que o cometem. Assim, pouco importa a criação de medidas educacionais e investimento em formação cultural. A coisa é mais simples, e não depende de reflexão aprofundada: a decisão de cometer um crime é explicitamente individual. É a negação da vida social. Pobreza e ausência de oportunidades não é desculpa. É o cúmulo do individualismo. Além disso, a situação calamitosa dos presídios brasileiros, inundados pelos poder do crime organizado e pela conivência igualmente criminosa do poder público, não é uma dificuldade, mas um ideal. São os presídios brasileiros quase representações do holocausto? Que permaneçam assim, pois é o ambiente ao qual aquele que comete um crime deve se submeter. Pra muitos destes, prisão não é uma ambiente de ressocialização, mas de punição, castigo, de preferência cruel: é o preço a se pagar pela infração da lei. Assim, antes mesmo de lidarmos com a busca por respostas sociológicas e históricas sobre as raízes da criminalidade e as possíveis soluções à ela, temos um problema anterior: a forma como enxergamos o outro, como definimos o que é humano, e como reconhecemos o direito daquele que é diferente. Vivemos em uma sociedade que comporta uma parcela expressiva de grupos sociais que se julgam superiores e mais humanos do que outros, e que aceitaria de bom grado a existência de um estado policialesco onde não apenas o recrudescimento das leis seria uma resposta "suficiente" à criminalidade, como também os mecanismos de punição deveriam fazer jus a uma realidade de terror, a constituição de um inferno na terra, tida como merecida àqueles que infringem a lei. Dane-se se as prisões hoje mais estimulam do que impedem a criminalidade - desde que o castigo seja duro e cruel. Há algo de extremamente problemático na educação da população brasileira. A naturalização deste grau de violência não deveria ser comum em uma democracia. Isso mostra como a sociedade brasileira não é pacífica. O desafio que se impõe, antes ou paralelamente à problematização das raízes da criminalidade, é o de reconstruir a matriz de valores em que se embasa aqueles que se julgam alheios à criminalidade, cumpridores das leis, trabalhadores, mas de mentalidade tão cruel e criminosa quanto comportam muitos daqueles que infringem as leis penais brasileiras. Sydnei Melo, 27, é cientista social e mestre em Ciência Política (IFCH/UNICAMP).

sábado, 7 de março de 2015

O ÓBVIO NECESSÁRIO

Assistindo um programa matinal de notícias, ouvi a entrevistada afirmar: “os homens devem conscientizar os seus filhos da importância de não praticar violência contra as mulheres”. Dizia mais, “o filho que presencia a pratica da violência, em algum momento da vida vai repercutir o que presenciou”. A afirmação é óbvia e previsível, mas precisa ser incansavelmente repetida para que tenhamos alguma chance de alterar a realidade que vivemos. Aliás, a educação pelo testemunho, pelo exemplo, é certamente a mais eficaz. Por mais influência que um educando possa sofrer do meio em que vive, dos grupos que frequenta, dos meios de comunicação, da parte podre da internet, certamente será influenciado de forma mais consistente pelos exemplos dados em casa, pelo pai, mãe, irmãos. Só é possível mudar a realidade se começarmos a revolução dentro das nossas casas. A lei da vantagem a qualquer preço e a regra de que os fins justificam os meios, frase atribuída a Nicolau Maquiavel, impregnada no senso comum da sociedade, devem ser extintas das relações humanas. Nossos filhos precisam perceber que é possível ser justo e honesto, e que este sim é o melhor caminho para alcançar o sucesso na condução da família, no sucesso profissional e na qualificação da vida das pessoas. São muitos os cidadãos incomodados com a situação política e social, e parte deles movidos pelo mais sincero sentimento de indignação buscando a correção das injustiças, mas é hipocrisia fechar os olhos para o comprometimento de muitos com a conveniência de que a sensação de caos e crise justifica as piores posturas. Não é raro vermos pessoas as voltas com as soluções fundadas no “jeitinho” conhecido de boa parte da população. Um termômetro interessante do tipo de relação que a sociedade prioriza é o trânsito das cidades. O desrespeito às regras elementares é pratica da maioria dos condutores, assim, a velocidade excessiva, ultrapassagens proibidas, passagem em semáforos fechados e estacionamento em locais proibidos parecem alimentar as vaidades e egos resultando em números absurdos como a morte de mais de seiscentas pessoas por ano só em Sergipe. Há quem acredite que este resultado é problema exclusivo do poder público. Penso que se não assumirmos responsabilidades como individuo, vamos continuar enterrando as nossas vítimas e levando sofrimento a grande número de famílias. Enfim, é primordial que as pessoas sejam chamadas a reavaliar seus valores e especialmente se rendam a práticas capazes de mudar as relações humanas. Gentilezas, respeito a vida e as pessoas, justiça, honestidade, equilíbrio e moderação, precisamos revolucionar os nossos comportamentos para que mulheres deixem de ser violentadas de toda forma, que o trânsito diminua consideravelmente o número de mortes, para que sejamos capazes de formar quadros políticos comprometidos de verdade com o povo e possamos construir um país melhor para os nossos filhos e netos. Sydnei Ulisses é coordenador do Movimento Gentileza Aracaju – www.gentilezaaracaju.amawebs.com